Abu Dhabi chega a Itajaí enquanto equipes fazem os últimos ajustes antes da in port
Barco árabe passa por reformas na cidade catarinense antes de correr a Regata do Porto, que vale pontos. Na sexta-feira a Pro-Am reúne velejadores e convidados
Itajaí (SC) – O Abu Dhabi foi recebido com festa na Parada de Itajaí, da Volvo Ocean Race. O barco, que não pontuou por ter desistido na metade do caminho da quinta perna, chegou na manhã desta quinta-feira (19) a bordo do navio Thorco Empire. Com o cargueiro atracado, foram retiradas as amarras de proteção e na sequência o veleiro percorreu a motor os dois quilômetros até o píer da Vila da Regata. A atividade foi monitorada pela DHL e pela autoridade portuária do município.
O comandante do Abu Dhabi, Ian Walker, que acompanhou o transporte de perto, está contente com o trabalho de terra da equipe no Brasil. “Nós precisávamos de quatro dias para deixar tudo pronto, mas a logística nos obrigou a fazer tudo em dois dias até a Regata do Porto DHL. Não podemos desistir. O grupo fez tudo o que era possível e essa proatividade vai nos dar a chance de brigar pela vitória até Miami”, afirma Walker.
“Nos últimos 12 dias fiquei nas mãos da minha equipe esperando os acontecimentos desde a parada no Chile para o início do transporte. Fiz tudo o que pude em terra. Essa é uma regata longa e os desafios surgem a cada etapa”, completa Walker, admitindo que o time precisa de um pouco de sorte.
A mesma opnião é compartilhada pelo chefe da equipe de terra do Abu Dhabi, Jamie Boag. Para o trabalho, ele recrutou 18 pessoas para fazer os ajustes necessários no veleiro. “Nós vamos conseguir fazer tudo a tempo, pois nossa equipe está focada e dedicada”.
O grupo está lutando para participar da Regata do Porto DHL, no sábado, mas não deve correr a regata Pro-Am desta sexta-feira (19). A prova não vale pontos para a classificação geral. São três provas festivas, em que cada equipe leva a bordo convidados da organização e patrocinadores. Esses velejadores novatos são os responsáveis por algumas ações dentro do barco, como regular as velas e até timonear o veleiro. Sempre com o auxílio dos velejadores que estão dando a volta ao mundo. A Pro-Am de Itajaí terá uma atração a mais: será disputada muito próxima ao público, nas praias de Itajaí e Navegantes.
Groupama testa novo mastro – O Groupama fez o primeiro teste com seu novo mastro na quarta-feira. Os franceses trocaram o equipamento após a avaria na subida para o Brasil no Oceano Atlântico. “O barco não apresentou nenhum problema e a peça está bem instalada e segura. A tripulação está confiante em vencer a próxima perna”, explica o integrante da equipe de terra, Ricardo Ermel.
O Camper deixou o berço em Itajaí e voltou pra água para testes nesta quinta-feira. A equipe, que chegou no início da semana, fez um pit stop no Chile para fazer reparos na estrutura. “O trabalho está bem feito e vamos correr a Pro-Am”, diz Chunny Bermudez, do Camper. A equipe de terra assumiu os trabalhos em Santa Catarina e o objetivo dos espanhóis/neozelandeses é vencer a Regata do Porto e continuar na briga pelo título.
Telefónica vence protesto – O barco líder da Regata Volta ao Mundo se livrou de levar uma punição da organização nesta quinta-feira. Os espanhóis foram acusados de levar um tipo de vela (para tempestade) a mais do que o permitido durante a quarta perna entra a China e da Nova Zelândia. O processo foi indeferido e o júri considerou que o Telefónica seguiu o Aviso de Regata da Volvo Ocean Race.
“A decisão que tomamos foi bastante clara para nós”, conta o juiz internacional da ISAF Bernard Bonneau. “Descobrimos que havia uma ambiguidade nas regras”. O júri foi composto por Bernard Bonneau, Peter Shrubb, Flávio Naveira, Chris Atkins e John Maccall.
A equipe do Telefónica está aliviada depois do julgamento. “A tripulação não entendeu o motivo do julgamento. Mostramos que estávamos dentro das regras da Volvo Ocean Race e isso nos dá tranquilidade para seguir na busca pelo título desta edição”, relata o advogado Luiz Sáez Mariscal, que defende o Telefónica. “A atitude é normal quando uma equipe está na liderança. Sempre tentam tirar os pontos para deixar mais equilibrado. Foi assim na última com o Ericsson 4 de Torben Grael”. Luis Sáez lembra que os espanhóis pediram autorização aos árbitros da Volvo Ocean Race antes da perna para usar as velas e que o próprio comitê liberou.
Puma com apoio brasileiro – O velejador catarinense Bruno Fontes, classificado para a Olimpíada na classe Laser, faz parte do time do Puma. Ele vai correr a regata Pro-Am nesta sexta-feira e a Regata do Porto, no dia seguinte, e será uma espécie de informante dos norte-americanos comandados por Ken Read.
“Nunca velejei nessa área e os pontos da Regata do Porto são importantes. Por isso, ouvi os locais como o Bruno Fontes para conhecer melhor a região. O Brasil tem nomes de peso na vela mundial, como Torben e Lars Grael e são especialistas em provas de oceano”, relata Ken Read. “Em todas as paradas temos esse feedback dos locais e sempre dá certo”.
Feliz pela oportunidade, Bruno espera dar dicas sobre o regimes de ventos. Em contrapartida, o velejador olímpico aprende com a experiência de quem dá a volta ao mundo. “Apesar de os barcos serem diferentes, sempre é possível aprender com as manobras dos velejadores de oceano. A troca de experiências é importante nessa fase final rumo aos Jogos de 2012”.
O Puma fará mais ajustes com a equipe de terra e tripulantes para deixar tudo pronto para a Regata do Porto. O veleiro de Ken Read foi o único que não sofreu avarias na perna entre Auckland e Itajaí. A tripulação para a viagem até Miami terá mudanças: Shannon Falcone vai se juntar ao Puma no lugar de Casey Smith, que está machucado. Falcone já navegou com os norte-americanos na edição passada. “É algo que uma hora podia acontecer e estou preparado. Eu jamais desejaria isso a alguém, mas é normal ocorrer”, avalia Falcone, que acrescenta. “A última perna foi realmente muito boa e espero que possamos fazer uma viagem tão boa nesta próxima etapa. Para mim é o trecho mais emocionante, porque já está um pouco mais quente e estou perto de casa”.
Torben visita Itajaí – Atual campeão da Volvo Ocean Race, o brasileiro Torben Grael está em Itajaí para prestigiar a fase final da Parada, que inclui a Regata do Porto DHL e a largada para Miami. O maior medalhista olímpico do Brasil aprovou as instalações da Vila da Regata dizendo que a cidade catarinense fez um trabalho correto para sediar o evento. “A Volvo Ocean Race em Itajaí é muito importante, já que toda a cidade se envolve. Se fosse no Rio de Janeiro seria mais uma competição e poderia ficar em segundo plano”.
Torben Grael acompanha de perto a disputa entre os barcos pelo título desta edição. Como atual campeão, o brasileiro acredita que a decisão será nas últimas pernas entre Telefónica, Groupama, Camper e Puma. “A regata é muito equilibrada e os barcos são praticamente iguais, exceto Abu Dhabi e Sanya que apresentam seguidos problemas. Sobre as quebras, acredito que cabe à tripulação saber poupar equipamento durante a parte mais complicada. Os veleiros são de alta performance e é preciso saber o momento certo de aumentar a velocidade”, explica Torben, que quebrou o recorde de singradura (milhas velejadas em 24 horas), andando 596.6 milhas náuticas (1.105 quilômetros), na última edição da Volvo Ocean Race.
da ZDL de Comunicação