O juíz carioca Ricardo Lobato será o árbitro chefe do Campeonato Brasileiro de HPE e comenta um pouco sobre as regras da competição.
“Por: Ricardo Lobato (www.regras.com.br)
Primeiramente gostaria de parabenizar a classe pela organização e excelente qualidade das regatas e nível técnico. Numa classe tão competitiva, qualquer meio barco pode fazer diferença e o respeito as regras se torna fundamental para a justiça da competição.
No Brasileiro deste ano, como em alguns eventos anteriores da classe, teremos os árbitros na água com a aplicação das regras do Adendo D. Este sistema, apesar de aumentar o custo para os organizadores, é muito benéfico para os velejadores, uma vez que elimina a subjetividade dos protestos em terra. Os árbitros irão julgar o que viram e não uma estória contada pelas partes. Além disto, o resultado da água é o que vale, sem longos protestos, reaberturas ou apelações. Obviamente que falhas poderão ocorrer, uma vez que nem sempre os árbitros vão estar na posição ideal para julgar todos os incidentes. É preciso que os velejadores entendam o espirito do jogo e saibam os procedimentos de protestos e de penalização. Por isto resolvi escrever algumas orientações para ajudar a entender o Adendo Q das Instruções de Regata.
1) Os árbitros normalmente não atuam sem um protesto: Diferente do futebol, na vela os árbitros só atuam quando solicitado pelos velejadores. Salvo algumas exceções como batida na boia ou regra 42 (propulsão), os árbitros não irão punir um barco sem que haja um protesto. Contudo, ele é opcional. Se você achar que não foi prejudicado pela infração de outro barco, não é preciso protestar e os árbitros não irão interferir.
2) Se você sabe que infringiu uma regra, você deve se penalizar com uma volta sem esperar a decisão dos árbitros: Ao contrário do match race, as regras e os princípios de esportividade requerem que um barco execute uma volta de punição voluntariamente assim que possível. Se estiver em dificuldades para pagar a penalidade, levante a mão indicando que esta buscando uma oportunidade. A penalidade é uma volta, incluindo uma cambada e um jaibe. Esperar pelo sinal dos árbitros quando você sabe que infringiu uma regra pode ser considerado como ato deliberado e, portanto, é uma infração a regra 2 (Navegação leal). Neste caso, os árbitros podem penaliza-lo com uma volta adicional. Entenda o risco que esta correndo, você poderá ser penalizado com duas voltas ao invés de uma. A segunda punição será aplicada logo após o barco executar a primeira.
3) Os árbitros podem errar e não a nada que se possa fazer: A instrução Q5.1 é bem clara: “Nenhum procedimento, de qualquer natureza, pode ser tomado com relação a qualquer ação ou omissão de um árbitro.” Algumas vezes os árbitros não vão estar numa posição ideal para julgar um incidente. Em caso de dúvida, os árbitros não irão penalizar um barco e mostrarão a bandeira verde. Faz parte do jogo e esta decisão não cabe recurso.
4) Não seja tímido! Se for protestar brade bem alto e mostre sua bandeira: Durante a regata, você só poderá protestar um incidente barco-contra-barco se estiver envolvido ou se o outro barco bateu na boia ou infringindo a regra 42. Para protestar brade “protesto” e mostre a bandeira vermelha. Tenha certeza que os árbitros e o barco que você esta protestando escutem o brado e vejam a bandeira. Retire a bandeira após o outro barco se penalizar ou depois que os árbitros sinalizam a decisão. Caso o barco protestado não se penalize, os árbitros irão mostrar uma bandeira verde com um apito que significa “nenhuma penalidade” ou mostrar uma bandeira vermelha com um apito e um brado que identifique um ou mais barcos que foram penalizados. Lembre-se que o barco que protesta também pode ser penalizado.
5) Protestos e reparações após regata, somente na lancha da CR : Como já foi dito, a ideia é que tudo seja decidido na água. Entretanto, é possível protestar ou pedir reparação em algumas circunstancias após a regata. Estes protestos devem ser feitos antes ou durante o período que a bandeira B está exposta na Comissão de Regatas no final de cada regata. As possibilidades de reparação são muito limitadas, não sendo possível pedir reparação sobre ações e omissões dos árbitros, comissão de regatas ou protestos. Só é permitido reparação para os barcos que auxiliaram outro em perigo.
Estarei a disposição de todos para esclarecer quaisquer dúvidas durante a reunião de comandantes. Bons Ventos!”
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