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Desafio Santos-Rio de HPE: ventos de 60 km/h exigem perícia e perseverança dos velejadores

Na inédita travessia de quase 400 quilômetros em barcos sem cabine, condições climáticas levam competidores a um trabalho intenso e reduzem tempo previsto de chegada ao Rio

Ronald Izoldi registrou a largada dos HPEs em Santos

Ronald Izoldi registrou a largada dos HPEs em Santos

São Paulo – A Regata Santos-Rio chegou à 63ª edição com a credibilidade adquirida por atrair os principais velejadores do País ao longo do tempo. Neste ano, entrou para a história da regata o Desafio Santos-Rio de HPE, inédita participação de dois barcos HPE de 25 pés (8 metros) e sem cabine. O W.Truffi/Suzuki e o W.Truffi/SER Glass completaram a travessia na madrugada desta segunda-feira (28), com o tempo de 38h05, reduzindo o tempo previsto entre Santos e Rio em cerca de dez horas, em função da entrada do vento sul com rajadas acima de 30 nós (60 km/h), no domingo.

Os dois barcos, que partiram do Iate Clube de Santos, largaram na baía de Santos, sábado às 12h05, em meio a uma flotilha de 24 embarcações. Cada um levando quatro experientes velejadores, exímios conhecedores dos barcos da classe HPE e do percurso de 220 milhas. Um bote Zonda de 30 pés, comandado por Cuca Sodré, o chefe da equipe do Desafio, atuou como barco de apoio, cumprindo todas as exigências estabelecidas pela Marinha. “Tivemos de redobrar a atenção quando entrou o vento sul. Os veleiros começaram a andar a 18 nós. É muita velocidade para um barco de apenas 25 pés”, relatou o zeloso Cuca, que só se afastou brevemente das embarcações para o reabastecimento do bote em Ilhabela.

A regata começou com vento leste forte e mar grosso, o que dificultou as primeiras horas dos velejadores no Atlântico Sul. No início da noite foi diminuindo e só por volta das 5 horas de domingo os barcos voltaram a ganhar velocidade, com a chegada de um vento local, sul, que os empurrou até Ubatuba. O sistema durou pouco, até às 9 horas, quando uma calmaria se instalou e os veleiros apenas boiaram. Cuca começou a monitorar a previsão de ventos com os iates clubes da região e estimou que antes do meio-dia entraria o sudoeste, direção ideal para se velejar no rumo do Rio de Janeiro.

“A previsão se confirmou. Logo depois das 11h30 começou a soprar o sudoeste e foi aumentando. O vento entrou com 10 nós, passou para 12, 15 e quando vimos, as rajadas passavam de 30. À noite, caiu para 15 nós e se manteve assim até o Rio. Mesmo durante o vento forte, saiu tudo certo. Apesar de tê-los no visual na maior parte do tempo, mantivemos as chamadas a cada duas horas como estava previsto. Só fizemos a aproximação com os veleiros, para a retirada do lixo de bordo e para passar um isotônico gelado para os tripulantes”, contou Cuca.

Sem comer e sem dormir

Nas últimas 14 horas de velejada, depois de ultrapassada a Ilha Anchieta, as tripulações não puderam descuidar dos barcos nem por um minuto. O sudoeste forte e constante exigiu atenção total. “No começo da regata a gente se separou, mas quando o vento aumentou, resolvemos velejar juntos por questão de segurança. Se um barco tivesse um problema, o outro estaria próximo. Foi trabalho o tempo todo após a chegada do vento”, afirmou Marcelo Bellotti, comandante do W.Truffi/SER Glass.

“Ninguém podia mais descer para a parte interna do casco para evitar o peso na proa. Tivemos de fechar a tampa do paiol para o barco não encher de água. O mar varreu o convés o tempo todo, mas estruturalmente o HPE mostrou-se perfeito. O balanço é superpositivo. Apenas uma vela genoa rasgada e um moitão do balão quebrado. Só não tivemos tempo para comer e para dormir. Pelo menos tínhamos barrinhas de cereal no bolso, mas foi tudo em paz”, comemorou Belloti na chegada ao Iate Clube do Rio de Janeiro.

O comandante do outro HPE, W.Truffi/Suzuki, Luiz Rosenfeld, creditou o sucesso do Desafio Santos-Rio ao planejamento muito bem elaborado, que deu prioridade total à segurança dos velejadores. “Só chegamos ao Rio porque encaramos o Desafio com disciplina. Se tivéssemos apenas partido para uma aventura não teríamos concluído o projeto. A liderança do chefe de equipe, Cuca, também foi decisiva. Ele determinou, por exemplo, que não utilizássemos o balão no período da noite para não excedermos os limites de segurança. Dentro do barco, empolgados com o desempenho, não teríamos como avaliar esse tipo de risco”.

Como fabricante do HPE, Rosenfeld teve a oportunidade de observar o comportamento do barco sob condições extremas. “Pude certificar o veleiro estruturalmente e também pude ver que é possível ajustar pequenos detalhes para se aprimorar a performance com vento forte e mar grande. O objetivo do Desafio Santos-Rio de HPE era de movimentar a classe e levar mais adrenalina ao nosso esporte. Foi incrível”, exaltou Rosenfeld, garantindo que depois da última etapa da Copa Suzuki Jimny, em Ilhabela, no início de dezembro, virá mais novidades na classe HPE.

Torben é fita azul 

O Magia IV/Energisa, comandado por Torben Grael, foi o Fita Azul, primeiro a cruzar a linha de chegada, na 63ª Santos-Rio. A tripulação do bicampeão olímpico, reforçada pelo irmão Lars e pelo filho Marco, chegou ao Rio de Janeiro com o tempo de 30h05m56s. O atual recordista da regata, Sorsa (Celso Quintella), com 19h33min40, em 2006, chegou 43 minutos depois, seguido pelo terceiro colocado, Lexus/Chroma (Luiz Gustavo Crescenzo). No tempo corrigido, o Rudá (Guilherme Hernandez) venceu as classes IRC e ORC, enquanto o Magia IV/Energisa ficou em segundo na IRC, com o Lady Milla (Ricardo Tolentino) em terceiro. Na RGS, os três primeiros foram: My Boy (Lars Muller), BL3 (Pedro Rodrigues) e Cairú (Roberto Geyer).

Da Local

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