Quebras e desistências marcam os primeiros dias da Transat Jacques Vabre
A regata Transat Jacques Vabre entra no seu quarto dia de disputas com ritmo acelerado e muitas surpresas. A travessia de Le Havre, na França, até Itajaí, no Brasil, confirmou a fama de ser uma das mais difíceis do calendário da vela oceânica. Logo de cara, os 88 velejadores que participam do evento pegaram ventos fortes e mar pesado. Após a passagem pela Cabo Finesterra, a condição meteorológica se acalmou e diminuiu a tensão a bordo. Mas algumas equipes tiveram problemas.
A equipe do Arkema, barco da classe Multi50, tomou um susto na noite deste domingo (10), quando cruzava a costa de Portugal, 210 quilômetros a oeste de Cascais. O multicasco virou às 22h30 (19h30 pelo horário de Brasília) velejando com média de 20 nós de velocidade. Os velejadores da França Lalou Roucayrol e Mayeul Riffet seguiram todos os procedimentos de segurança e estão seguros dentro do trimarã.
O Arkema disputava a liderança da categoria e estava próximo do FenêtréA Cardinal. E foram os adversários que avisaram a organização da Transat Jacques Vabre do acidente.
“O Mayeul Riffet fez uma chamada pelo rádio VHF e nos informou sobre a virada. Perguntei se queria ajuda e ele disse que não precisava. Acho que deve haver um problema técnico”, disse Yann Eliès, do FenêtréA Cardinal. “Estamos muito decepcionados e tristes pelos caras. A batalha pela liderança estava muito interessante”.
A capotada do Arkema ocorreu justamente num local considerado seguro. Entre Le Havre, na França, e Itajaí, no Brasil, a Baia Biscaía e o Canal da Mancha são os trechos mais perigosos de toda a travessia.
Integrantes da equipe de terra do Arkema estão a caminho de Portugal para tentar fazer o reboque do Multi50. Foi o segundo problema mais sério com um barco da categoria na Transat Jacques Vabre. O Maître Jacques abandonou a disputa após um problema no casco dianteiro na tarde anterior.
Líder da classe IMOCA na Transat Jacques Vabre, o MACIFtambém teve problemas e foi obrigado a fazer uma parada técnica em Peniche, em Portugal, para solucionar um problema no leme de estibordo. O desempenho da dupla era quase perfeito até colidir com um objeto não identificado. O barco ficou mais de duas horas parado e os adversários voltaram para a briga.
“A saída do canal e a travessia da Baía de Biscaia foram praticamente como a gente esperava: rápida, molhada e desafiadora. Agora estamos navegando na direção do vento ao longo da costa portuguesa. Tivemos alguns problemas técnicos, mas nada muito grave. Vamos ao nosso ataque”, disse Marc Guillemot, skipper de Safran.
Na Multi50, o Maître Jacques anunciou que está fora da travessia. O barco, que estava passando por reparos em La Coruña, na Espanha, não voltará à disputa após identificar um problema no casco dianteiro direito do trimarã.
A agitação também tomou conta dos barcos da Classe 40, que voltaram à competição na madrugada de domingo (10), após uma pausa na região da Bretanha, na França. O pit stop foi obrigatório para todas as embarcações da categoria, a fim de evitar acidentes em meio à tempestade. A categoria conta com 26 veleiros e o líder é o GDF Suez, que foi o primeiro a chegar no porto de Roscoff, na sexta-feira. Neste domingo, boa parte da flotilha se encontra na Baía Biscaia, ponto mais perigoso da viagem. A previsão é de ventos de 12 a 18 nós para a segunda-feira (11).
“Tivemos uma série de manobras para fazer e literalmente contornar as rajadas. Nós fomos mais ao sul e o Oman mais ao centro. A vantagem para um multicasco é sempre pequena, pois os barcos são rápidos e a liderança pode ser perdida num minuto”, disse Charles Caudrelier, do Edmond de Rothschild.
A posição dos barcos pode ser vista em tempo real pelo site http://tracking.transat-jacques-vabre.com/fr/
Da assessoria