Florianópolis (SC) – 11/12/2014 – Os comandantes e velejadores de cinco embarcações em condição de brigar pela quebra do recorde na 46ª Regata Volta à Ilha, que será realizada nesse sábado (13), em Florianópolis, são conservadores e uníssonos em relação as suas respectivas chances de baixar a marca: depende do vento.
Todos concordam que a melhor condição para a Volta à Ilha mais rápida é aquela que é corrida com ventos entre leste e sudeste, entre 15 e 20 nós (aproximadamente 30km/h a 35km/h), que faz com os barcos velejem em orça folgada em direção ao Sul, de través ou popa na costa Leste e em través folgado entre a Ponta do Rapa, extremo Norte da Ilha de Santa Catarina, e a Ponta Grossa, já dentro da baía Norte.
Foi com esta condição que o Mano´s Champ, do comandante Avelino Alvares, em 2011, pulverizou o tempo do até então recordista Catuana Kin, de Paulo Cocchi, em mais de meia hora, completando as 75 milhas náuticas em 8h43m10s, apenas pouco mais de três minutos a frente do seu mais ferrenho oponente. Avelino precisou de oito anos para suplantar a marca de Paulo Cocchi, que cravou, em 2003, o tempo de 9 horas e 13 minutos.
“O recorde da volta a Ilha não é fácil de bater”, admite o Vice-Comodoro de Eventos do Iate Clube de Santa Catarina, Rogério Capella, veterano nas regatas que encerram o ano esportivo do Clube. “Além das condições meteorológicas ideias, precisa-se de um barco muito rápido e uma tripulação empenhada neste objetivo”.
Paulo Cocchi e Avelino Alvares são estes comandantes. Para eles, o que importa é ser o primeiro a cruzar a linha. Não se interessam em acumular pontos para a Copa Veleiros de Oceano, da qual a Volta a Ilha é a última etapa, nem em que classe seus barcos estarão inscritos. O que importa é chegar na frente na regata mais tradicional do calendário náutico catarinense.
Nos 45 anos de regatas já realizadas, o tempo foi reduzido em apenas três ocasiões, desde que estabelecida a marca de 10h14m, pelo veleiro Mariscal II, de Marcelo Rupp, em 1988. Os recordistas foram os veleiros Madrugada, de Sérgio Newmann, em 1990, com o tempo de 9h37m27s; Catuana Kin, em 2003, com 9h13m e, há três anos, foi a vez do Mano´s Champ.
Marcelo Gusmão, então com 18 anos de idade, estava a bordo do Mo Hai, de Anibal Carabelli, quando o barco venceu a regata de 1988 e passou a ser considerado o recordista, embora não se tenha registro do tempo obtido. O experiente velejador também estava a bordo nas quebras de recorde do Mariscal II e do Mano´s Champ.
Na tentativa de manter a escrita, Gusmão será o timoneiro do barco de Avelino na 46ª edição, que larga neste sábado. O comandante vai contar ainda com a experiência de Guilherme Rupp, já duas vezes recordista, e Alexandre de Carlos Back, que estava a bordo do Catuana Kin em 2003. “Vamos para a raia para segurar o recorde. A tripulação conhece o barco, estamos empenhados e se o vento for favorável, teremos uma bela disputa, principalmente com a entrada dos C30 e com a preparação do Catuana. Não vai ser fácil, mas vamos à luta”, diz Avelino.
A preparação do Catuana a que Avelino se refere, trata-se da instalação de um gurupés para que o barco passe a utilizar um geneaker, vela de proa que permite que se obtenha mais velocidade em ventos de través, e ao aumento da área vélica. “O barco está mais rápido do que no ano passado, mas precisamos de vento para vencer a regata”, diz Leonardo Back, timoneiro do barco de Paulo Cocchi e irmão de Alexandre, que corre na tripulação do adversário.
Os C30 são barcos bem menores, tem 30 pés, contra os 42 pés do Catuana Kin e do Manos Champ, mas foram construídos exclusivamente para regatas. São mais leves, tem excelente área vélica e, em condições ideais, chegam a velejar na mesma velocidade do vento.
Felipe Linhares, o Fipa, é o timoneiro do Zeus, barco comandado por Inácio Vandresen. Para ele, as esperanças estão num contravento rápido em direção ao Sul da Ilha, na primeira parte da regata. “Se chegarmos na Barra Sul junto com eles, temos chance”. Fipa conta com o vento Sul ou Sueste para superar os grandes. “Nestas condições, a coisa fica boa para nós. Planamos com menos de 15 nós e os outros dois, apenas com vento muito forte e somente em descidas de ondas”, avalia o velejador.
Na regata de 2013, mesmo longe do recorde, o Zeus chegou apenas 8 minutos após o Catuana cruzar a linha, e 3 minutos a frente do Katana, o C30 comandado por Fábio Filippon. Fábio, que torce para que o vento não seja Norte ou Nordeste, faz coro com Fipa em relação as mudanças implantadas no barco de Paulo Cocchi. “Quero ver como ele se sai com o jeaneaker. Sendo vento de qualquer quadrante Sul, o Catuana Kin terá que fazer bordos profundos, o que é melhor para nós. Na verdade, estou curioso. Esta perece que vai ser uma das Volta à Ilha mais disputadas”.
O outro C30 a largar as 10 horas da manhã deste sábado é o Corta Vento, do comandante Carlos Augusto de Matos. Ele está bastante confiante em enfrentar os barcos maiores. “Na regata Marejada, corrida para Itajaí em Novembro, sob vento Sul, nós chegamos 15 minutos na frente do Mano´s Champ, mesmo tendo que fazer diversos bordos. A geografia da Ilha de Santa Catarina é favorável à armação do C30 e vamos para competir”, finaliza o comandante.
Entre os barcos que correm pelo recorde da Volta à Ilha, Catuana Kin e Manos Champ não tem chances de premiações na Copa Veleiros 2014. Já entre os C30, Zeus e Corta Vento, com 12 e 14 pontos perdidos, respectivamente, lutam pelo título de campeão da temporada. O Katana, com 20 pontos perdidos, terá que se contentar com a terceira colocação.